sol no coração

Adoro esta fotografia da minha Mãe com um ano (era linda!), porque acho que revela muito do que a Mãe era e porque as suas feições foram sempre assim. Hoje lembro-a de forma muito especial, tal como o faço sempre no dia 8 de Dezembro, o verdadeiro dia da Mãe para mim.

No outro dia num dos blogs que mais gosto e mais importante para mim http://descobrirafelicidade.blogs.sapo.pt/, a Teresa escreveu sobre as nossas referências. A minha Mãe é seguramente uma referência para mim e será sempre.

Era uma pessoa com convicções inabaláveis, recta, vertical. Uma mulher generosa, cheia de ternura, cheia de sentido de humor (nunca ouvi ninguém rir como ela, contagiava todos) e uma fortaleza. Era uma rocha e muitos dizem que era uma força da natureza. Era brilhante e dos seus olhos vinha uma luz única, percebia-se a sua inteligência e a sua força. Era uma mulher grande em tudo. Adorava viver e celebrava a vida como ninguém, cheia de luz.

Na sua vida atravessou tantos desertos, passou tantos obstáculos e nunca lhe ouvi uma queixa, nem no último ano e meio de vida em que não esteve autónoma. Dedicou a sua vida à cidade de Lisboa lutando sempre por uma Lisboa melhor. Vi-a sempre do lado dos mais fracos e de quem mais precisava: “posso ir contra tudo e contra todos, mas nunca vou contra a minha consciência”.

Não tivemos sempre uma relação fácil mas tudo fortificava e aumentava o amor que tínhamos uma pela outra e que não tem tamanho. Hoje consigo entender tanta coisa.

Neste dia em que percorro tantas memórias partilho uma das que mais me marcou: o amor ao meu Pai e a fidelidade a esse amor e ao seu casamento. Apesar de estar divorciada há 30 anos, a Mãe permaneceu fiel ao amor imenso que tinha pelo meu Pai. Para mim é uma lição enorme e a prova disso é que morreu de aliança no dedo que usou sempre e nunca a tirou.

Obrigada muito querida Mãe por tudo e por tanto que nunca se poderia quantificar.